Vai visitar Lisboa ? Aproveite e veja essa casa que trata sua fome e sua sede.


Bar Retiro do Baco

Começou por ser um túnel de acesso às cavalariças do Palácio das Necessidades, em Lisboa, tem mais de duzentos anos de história e uma aura mágica. Chama-se Retiro do Baco, abriu as portas no início de Outubro com a missão de servir vinhos e petiscos ao som de fados e guitarradas. Para quem goste do néctar dos deuses e para quem não goste também.

Onde é que se pode beber um copo de um bom vinho e comer uma tábua de queijos às duas da manhã em Lisboa?". Foi para encontrar uma resposta para esta pergunta que José Manuel Jerónimo e João Santos, amigos de longa data, resolveram abrir um "wine bar" na cidade alfacinha. O espaço descoberto há mais de cinco anos foi o grande motor de arranque. Um anúncio no jornal que chamou a atenção, uma visita ao local que veio a revelar-se decisiva. "Quando aqui chegámos e nos deparámos com este espaço, nem queríamos acreditar no que estávamos a ver", relembra João Santos. O que estavam a ver era nada mais do que uma sala com cerca de trezentos metros de comprimento por quatro de largura, paredes de pedra natural, tectos abobados em tijolo, porta de madeira maciça com ferrolho de ferro. "Tudo datado de 1740, altura em que este espaço era um túnel que fazia a ligação entre Alcântara e as cavalariças do Palácio das Necessidades. Era por aqui que passavam os cavalos", explica José Manuel Jerónimo.

Encantados com o local, os dois sócios fizeram da preservação um ponto de honra. Mandaram vir arquitectos de Itália que lhes sugeriram a melhor maneira de conservar a humidade própria da pedra, deixando-a respirar. Fizeram o mínimo de intervenção possível, mantiveram o ar medieval, rematado com o chão de tijoleira, as cadeiras de ferro. As luzes são baixas, as cartas de vinhos feitas de cortiça. "Nada foi deixado ao acaso, os copos, a carta, o serviço são para nós a referência da casa", salienta João Santos. Como exemplo, os copos onde é servido o vinho são da marca Schott - Zwiesel, "uma das melhores marcas de copos para degustação", acrescenta o proprietário do espaço.

"Consoante o vinho que se esteja a beber faz toda a diferença o copo em que este é servido. Há copos próprios para vinhos mais encorpados, para vinhos mais frutados, para vinhos mais jovens...", explica João Santos. E para lá dos copos, como "este é um público muito exigente", os senhores do Retiro do Baco não descuraram também a carta que apresentam. Nas opções a copo, tanto de branco como de tinto, a aposta vai não só para a qualidade como para a rotatividade. "A ideia é que uma pessoa que venha cá de quinze em quinze dias e peça vinho a copo possa provar sempre vinhos diferentes."

Já nos vinhos a garrafa, a escolha é vasta, com mais 150 rótulos provenientes não só de Norte a Sul de Portugal como também de diversos países, como Austrália, França, Itália, Canadá e Chile. Da carta, os dois sócios salientam a presença de alguns vinhos de referência. Entre os brancos, o austríaco Anton Bauer Ried Berg Riesling, o Yvon et Pascal Tabordet Saucerne do Vale do Loire e o Quinta da Bacalhôa. Entre os tintos, o José de Sousa Mayor e o Hexagon, ambos da casa José Maria da Fonseca. O tinto Quinta do Carmo 2004 e o David Huband Vosne Romanée C, colheita 2005 são outras das boas opções que o Retiro do Baco apresenta.

Para quem quer experimentar algo de diferente, este novo Wine Bar oferece ainda a possibilidade de degustar Ice Wine, um vinho cujas bagas são colhidas já congeladas, em pleno Inverno, à noite. A vindima é feita entre Dezembro e Janeiro. "Para as senhoras que não apreciem vinho, temos ainda um vinho italiano chamado "Sangue de Judas", que é um vinho tinto frisante com aroma a amoras, framboesas e que é servido à temperatura de um branco."
Para acompanhar os sabores etílicos, o Retiro oferece sons de fado - por enquanto apenas em CD - e tábuas de petiscos. Bons azeites para molhar no pão, azeitonas salteadas, paio Pata Negra, chouriço de Arganil, lombo de porco ibérico, queijo de cabra transmontano, Taleggio e São Jorge, entre outras variedades artesanais feitas com leite cru. Tudo isto acompanhado de compotas de framboesa, cereja ou abóbora. Para comer, beber e voltar a repetir.

Petiscos para o futuro
Como não há nada melhor para acompanhar um bom copo do que uma boa iguaria, o Retiro do Baco tem já na calha uma ementa recheada de sabores a saltarem em breve para a mesa. Para ir abrindo o apetite, aqui vão alguns exemplos do que por lá vai haver: migas de perdiz de escabeche, miniaturas de pato com laranja, croquetes de queijo de cabra, folhados de capão com "foie" e maçã caramelizada, vulcão de cordeiro confitado. No que toca às sobremesas, a pirâmide de chocolate crocante e o requeijão com doce de abóbora serão num futuro próximo as primeiras opções.

Estacionamento
Podia ser mais fácil, mas também podia ser mais difícil. Não há parques por perto, mas também não há parquímetros e a polícia local é benevolente.


Local: Lisboa, Rua Prior do Crato, 6


Horários: Segunda a quinta das 18h00 às 02h00
Sexta e sábado das 18h00 às 04h00


Preços: Preços das bebidas: vinho a copo entre os 2 e os 7,50 euros; vinho a garrafa entre os 12 e os 70 euros; cerveja entre os 2 e os 3 euros; bebidas brancas entre os 6 e os 12,50 euros; cocktails a 7 euros; sumos a 2 euros; café Nespresso a 1,50 euros.


Obs.: Comida: tábuas de queijos entre os 8 e os 10 euros e tábuas de enchidos entre os 4 e os 6 euros. Espetadas de frango com ananás ou de porco com molho doce e chamuças de queijo feta e menta (por agora gratuitas, preço a definir no futuro). Pode-se fumar em todo o bar.


Catarina Serra Lopes

www.clix.pt

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